Jurídico como business partner

Quando pensamos em um setor jurídico de uma empresa, o que lhe vem em mente: é um custo ou um parceiro do negócio?

Os advogados geralmente são vistos como aqueles que resolvem os problemas já instalados. Isto fez com que sejam vistos como um custo alto e que são contratados somente quando há realmente a necessidade de um profissional dessa natureza, como, por exemplo, uma defesa de uma ação judicial ou um de auto de infração.

É por isto que criou-se uma ideia errada de que o departamento jurídico ou o escritório de advocacia contratado por uma empresa é apenas um setor de socorro aos os problemas após terem se instalado, o famoso apagador de incêndios. 

Mas esta relação pode ser vista por outro ângulo, certo?

O mercado tem falado sobre profissionais que atuam como Business Partners e o jurídico não fica de fora já que esta relação deve ser de parceria, ou seja, lado a lado com a empresa.

As empresas podem contratar seu setor jurídico pelas habilidades técnicas que ele aparenta ter, não há dúvidas. As contratações são feitas com base na experiência e na demonstração de que aquele advogado tem conhecimento técnico para realizar o serviço conforme o esperado. Contudo, este é o básico que se espera de qualquer profissional que é contratado.

Sem demonstrar conhecimento técnico, a empresa não contrataria o advogado. Entretanto, a permanência da relação como verdadeiro parceiro do negócio vai depender de outras habilidades que vão emergir ao longo do tempo de duração da prestação de serviços. Vamos a elas?

Habilidades necessárias

O advogado que atua como business partner deve conhecer do negócio da empresa: qual é o ramo de atuação, quem são os seus concorrentes, como os grandes players atuam, qual a visão de futuro daquele ramo de atuação.

Entender o ramo de atuação e conhecer a fundo como é o dia a dia da empresa permitirão ao advogado corporativo entender de ponta a ponta aquele negócio. Assim, poderá auxiliar seu cliente a tomar melhores decisões.

Espera-se que o advogado que atua para empresas deva ter conhecimento muito além do técnico: habilidades comportamentais que são inerentes do mundo corporativo e visão estratégica de negócios, saber negociar, comunicar-se de modo adequado, estar atento às novidades legislativas e da área de atuação da empresa.

Por isso, advogados que são contratados para prestar consultoria jurídica, seja para trabalhar internamente na empresa ou como terceirizados, devem inicialmente obter de seu cliente informações relacionadas aos seus objetivos a pequeno, médio e longo prazo que estão previstos em seu planejamento estratégico.

Participar ativamente das ações do planejamento estratégico, das reuniões de alinhamento da diretoria com as equipes são atividades que fazem parte do desenvolvimento de um melhor trabalho que não será isolado.

Com base em tais dados e dentro deste cenário de imersão, o corpo jurídico terá condições de alinhar quais são as ações preventivas que serão necessárias para alcançar os objetivos da empresa e quais são as ações corretivas para diminuir passivo já existente.

O jurídico que é um business partner precisa também conhecer a cultura da empresa para que não seja encarado como um setor que só cria empecilhos e é negacionista. Ao entender como é o ritmo da empresa, como a diretoria toma decisões e o corpo operacional trabalha, o jurídico estará alinhado e saberá trabalhar de modo a ser visto como um setor estratégico também.

Quais são as atividades de um jurídico que atua como business partner?

O jurídico que é um business partner vai muito além de representar a empresa em ações judiciais e fazer defesas vinculadas ao contencioso.

A atuação é baseada em medidas de caráter preventivo e também projetos que estejam alinhados ao planejamento estratégico e objetivos da empresa.

• Auxilia na na tomada das decisões, já que atua de modo preventivo e traz segurança para as transações da empresa;
• Orienta e treina a equipe operacional para que situações do cotidiano sejam realizadas com maior efetividade;
• Os contratos da empresa passam por revisão ou são elaborados pelo corpo jurídico e, quando há o alinhamento prévio, o formato de tais contratos passa a ser entregue de modo que evite o vai e vem que muitas vezes atrasa a operação;
• Os riscos do negócio são avaliados em conjunto com a diretoria, com a realização de relatórios e investigações de parceiros, de colaboradores e dos demais envolvidos;
• Os procedimentos internos podem ser reescritos para que seja possível ter maior agilidade e com segurança jurídica.

Quando há uma atuação em alinhamento com as perspectivas da empresa, o jurídico passa a ser reconhecido como um elo importante para o alcance das metas da empresa.

Quais os benefícios para a empresa quando tem um jurídico como Business Partner?

A empresa que conta com um jurídico como parceiro atua de forma preventiva e, com isto, evita passivo trabalhista, com fornecedores, clientes e parceiros.

O advogado que tem conhecimento das rotinas das empresa tem capacidade de tomar iniciativas que estejam dentro da legalidade e  que estejam alinhadas com os objetivos dos sócios.

A atuação como parceiro do negócio produz resultados eficazes já que o advogado elaborará documentos alinhados com o que foi elaborado em conjunto com a equipe operacional , o que reduz o tempo de duração do processo interno de contratações e as despesas com ações judiciais sofrem redução já que uma das consequências do trabalho preventivo é a diminuição das contingencias judiciais.

Uma empresa com uma competente assessoria jurídica tem seus processos internos de contratação devidamente alinhados já que seu jurídico passa a ser visto como um aliado do negócio.

A consequência de tais atitudes naturalmente faz com que a empresa tenha maior vantagem competitiva perante seus concorrentes , pois estará focada naquilo que realmente importa que é o seu produto ou serviço que é vendido no mercado.  

Quando há menos contingências, se os contratos estão sendo fechados com menos tempo e maior segurança jurídica, os resultados serão mais relevantes e com isto poderá fazer maiores investimentos e pensar efetivamente no que interessa: o crescimento do negócio.